terça-feira, 20 de julho de 2010

ELEIÇÕES 2010!! (3)

Época de eleição chega a ser triste...

Fico pensando nas opções que temos para presidência.

O PT que já foi o partido que eu mais acreditava no país (nos tempos mais antigos...) apresenta umas parcerias estranhas. MUITO ESTRANHAS!!!! Quem não conhece o famoso episódio do debate do Collor e do Lula em 1989, que sofreu edição da globo e que prejudicou muito o Lula naquelas eleições! Não acompanhei esse debate, pois eu era muito novo. Mas todos sabem dessa história! E assistindo ao programa Canal Livre do domingo dia 01/08 sobre os debates televisivos, ficou claro a baixaria que foram as eleições naquele ano! A rivalidade entre os dois chegou a atingir a esfera familiar!

Pois bem, vejam qual seria o jingle da campanha de Collor se o TRE não proibisse: "É Lula apoiando Collor, é Collor apoiando Dilma, pelos mais carentes. É Lula apoiando Dilma, é Dilma apoiando Collor, e os três para o bem da gente". O que será que aconteceu durante esses anos? Lula aparecendo em campanha de Collor? Dilma aparecendo em campanha de Collor? Que proximidade é essa? As idéias se aproximaram ou foram apenas os interesses próprios falando mais alto? Isso sem falar da famíla Sarney...

O PMDB que acompanha o PT na era Lula e que está presente na campanha de Dilma é realmente um bom parceiro? Os ideais de cada partido podem se comunicar? Talvez os ideais atuais do PT sejam compatíveis com os ideais do PMDB. Talvez hoje em dia as filosofias sejam parecidas (que triste dizer isso). É fato que o mecanismo, a estrutura do governo exige que certas alianças sejam feitas. Seria impossível para o Lula governar esses anos todos sem o PMDB, pelo número de deputados e senadores que ele possui. É uma pena. Dói votar no PT tendo o PMDB como parceiro. E aposto que o PMDB se aliaria ao PSDB na primeira oportunidade em caso de vitória do Serra (bate na madeira...).

O que enxergo como ponto favorável para votar em Dilma é o fato de que ela representa a continuidade de um projeto, que na minha opinião, tem muito mais coisas positivas do que negativas. Muito se fala que ela é fantoche do Lula, que ela será apenas um instrumento de continuidade para o PT e para o Lula. Bom, na minha opinião se não for mudar pra melhor, que não mude pra pior também. Prefiro a continuidade a ver um governo do PSDB que na minha opinião é a certeza de piora dos quadros sociais brasileiros.

E o Serra? Eu particularmente não voto no PSDB. Filosofia, Ideais, o compromisso excessivo com o grande empresariado e o abandono do pobre, enfim.... diversos fatores! Vamos analisar alguns aspectos.

O Serra tem um campanha até agora bipolar. Difícil entender o que ele realmente quer dizer. A figura dele evita críticas a Lula, pelo menos de forma mais ostensiva, enquanto o seu vice Índio da Costa vez ou outra solta críticas muitas vezes agressivas e irresponsáveis ao PT, a Lula e Dilma (a ponto de criticar o posicionamento religioso de DIlma).

Não sei bem qual a imagem que o PSDB deseja passar nessa campanha. A impressão é de desorganização, de pontas soltas e assuntos mal resolvidos. Até a forma como a escolha do vice ocorreu foi muito estranha. Visivelmente escolheram uma figura substituta para Aécio Neves, que recusou o posto de vice. A figura do político jovem, dinâmico, boa pinta, para compensar a falta de carisma do Serra. Na verdade, a campanha do Serra não inspira confiança e não é possível identificar um plano de governo muito claro, talvez ele seja melhor apresentado no horário eleitoral gratuito. Nesse ponto Dilma tem a vantagem de representar a continuidade, o plano de governo é facilmente identificado, pois é a continuidade de um projeto já existente (e que na minha opinião é satisfatório até o momento).

Além disso tudo, a antipática indústria midiática a serviço do PSDB. O chamado PIG (Partido da Imprensa Golpista) como bem define Paulo Henrique Amorim. Condutas duvidosas, como jornalistas da rede estatal de TV de São Paulo, que sofreram represálias por perguntarem ao Serra em um programa de entrevistas sobre o preço abusivo dos pedágios nas estradas de SP.

O Serra pra mim é a pior opção de todas.

A Marina Silva é uma candidata interessante. Ela traz consigo uma história que talvez seja a única equivalente à do presidente Lula em termos de comoção popular. Marina Silva, cidadã do norte do país, participativa na luta dos seringueiros, no movimento liderado por Chico Mendes, um ícone popular da luta contra os abusos das oligarquias. Analfabeta até os 17 anos, criada nos rincões do Acre, foi por muito tempo do PT e militava com grande paixão, e com dedicação imensa ao amigo Lula. Pode-se dizer que Lula é o ícone urbano e Marina o ícone vindo do meio rural.

A figura de Marina Silva constrói uma imagem muito peculiar. Pelo menos ao meu ver, ela passa a sensação de uma honestidade irretocável, parece uma pessoa de valores e princípios muito bem definidos. Mas em contra-partida uma sensação de ingenuidade e até mesmo de fragilidade, que em um momento em que precise de maior firmeza pode ser perigoso.

Embora eu tenha gostado muito da resposta da candidata sobre o aborto (vide post do dia 13 de julho) não sei como seriam tratados assuntos que provavelmente estarão em pauta nos próximos anos, como aborto, legalização da maconha ou união formal de pessoas do mesmo sexo. Eu particularmente acho interessante a opção da Marina Silva, as questões ambientais finalmente teriam relevância, e é uma candidata mais sensível às causas sociais (assim como foi Lula), mas apresenta uma contradição que mostro a seguir:

Marina e o PV defendem uma bandeira que é difícil, mas fundamental. O meio ambiente pelo próprio nome do partido é uma causa de primeira grandeza. Mas com as alianças que seriam necessárias para exercer o governo ficaria muito difícil conseguir alguma coisa concreta.

O próprio candidato a vice da Marina é um mega-empresário. Tá certo que é o presidente de uma empresa que se diz altamente consciente com as causas ambientais, mas o alto capitalismo não combina com preservação ambiental. O partido parece não ter força suficiente para enfrentar os obstáculos que medidas mais drásticas demandariam, e alianças escusas precisariam ser feitas. Talvez arriscaria meu voto para a Marina, se enxergasse nela uma candidata que pudesse vencer e tivesse força suficiente para exercer bem o seu governo. Me parece que para conseguir governar ela teria que se manter num conservadorismo extremo e eu gostaria de mais vanguarda. Acho até que o PSOL poderia ter apoiado a Marina e de repente até ter indicado o vice. Acho que teriam mais força

Dos demais candidatos não tenho muito o que falar, infelizmente. Não conheço tão bem todos eles.

Tomara que durante a campanha eleitoral as coisas fiquem mais claras. Tomara que as diferenças de cada partido e de cada proposta de governo sejam facilmente identificadas. Essa polarização política que vem sendo construída no Brasil (PT / PSDB), o poder concentrado em duas forças, as vezes dificulta a real percepção da política de nosso país. Os conchavos, as alianças cada vez mais confusas, entre partidos e figuras antes inimigas e agora amigas para sempre, confundem o eleitor, e geram quadros bizonhos como a aliança entre PT e PSDB em Minas Gerais nas últimas eleições para a prefeitura de BH, ou O PMDB que está na chapa com Dilma, mas em São Paulo apóia o Serra.

Chega a dar calafrios...






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